EUA | 10 de jul Desde seu primeiro dia de aula, quando ainda era uma criancinha, você vem aprendendo as regras. Onde se sentar. Quando ir ao banheiro.

Nestas universidades, os estudantes ditam as regras

Desde seu primeiro dia de aula, quando ainda era uma criancinha, você vem aprendendo as regras. Onde se sentar. Quando ir ao banheiro. Como tratar sua professora e colegas (incluindo aquela “regra de ouro” sobre tratar os outros como gostaria de ser tratado).

Você teve muita lição de casa. Conhece as regras. Mas, quando chega a hora de pensar em entrar para uma universidade, e especialmente se está planejando ingressar numa universidade dos EUA, você poderá se perguntar se terá de aprender novas regras.

O fato é que muitas universidades americanas dão aos estudantes a responsabilidade de decidir quais são as regras e como elas devem ser aplicadas.

Soletrando autogoverno

 

Um fórum de governança estudantil na Faculdade de Bryn Mawr (Foto cortesia)

Quando os estudantes definem as regras para uma comunidade dentro do campus, eles chamam isso de “autogoverno”. “[Isso] significa que cada aluno é um cidadão da universidade”, disse Judy Balthazar, reitora da Faculdade de Bryn Mawr, escola exclusivamente feminina da Pensilvânia. “Eles são responsáveis por governar a si mesmos.” Por exemplo, os únicos códigos de conduta nos 13 dormitórios da Bryn Mawr são aqueles votados e adotados pelas alunas residentes no início de cada ano.

Na Faculdade de Grinnell, no estado de Iowa, os estudantes governam a si mesmos através de vários princípios, como bom senso, responsabilidade e respeito. “Isso não significa que não há regras”, disse Karen Edwards, diretora de assuntos relacionados a estudantes internacionais da Grinnell. “Mas a maneira como os estudantes agem não é guiada pelo conceito de um sistema disciplinar, mas pela consciência de que suas ações vão impactar outros na comunidade e vice-versa.” O autogoverno, ou seja, essa autonomia dos estudantes, faz com que eles frequentemente influenciem as políticas universitárias. Na Bryn Mawr, os alunos apresentam suas preocupações para os administradores da escola e fazem recomendações duas vezes por ano. Recentemente, o processo fez com que os administradores aumentassem as oportunidades dos estudantes em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática na faculdade.

Na Universidade da Virgínia, em Charlottesville, na Virgínia, os novos alunos se comprometem a não mentir, colar ou roubar. E, se um deles faz algo desse tipo, espera-se que ele confesse ou que seus colegas o denunciem a uma “comissão de honra”. Quando um estudante é acusado de uma violação, a acusação é investigada por estudantes da comissão de honra. Se eles decidirem que é preciso ter um julgamento, ele será totalmente conduzido por membros do corpo estudantil.

Esse sistema permite que os estudantes tenham um nível de liberdade raro em suas vidas acadêmicas. “Quase todas as provas podem ser feitas em casa”, disse Faith Lyons, estudante veterana e presidente da comissão de honra. “Eu peguei uma prova, levei o tempo que precisei para fazê-la e pude entregá-la [colocando] debaixo da porta do professor.”

Nenhum desses sistemas se consideram perfeitos. Em 2013, estudantes da Universidade de Virginia votaram para alterar o sistema de honra, que estaria favorecendo mais os estudantes acusados que negavam as infrações do que os que admitiam a culpa.

Efeitos de longo prazo

O estudante Charlie Bruce, que é agora o presidente da Associação Autônoma de Estudantes da Bryn Mawr, teve muitas oportunidades para falar com a diretoria e o conselho administrativo da faculdade. “Isso tem me ajudado a sentir mais autoconfiança”, disse Bruce.

“A maneira como os estudantes se governam é inteiramente baseada no código de honra social deles” disse Judy, a reitora da Bryn Mawr, “o qual requer que, se surgir um problema, eles devem enfrentá-lo juntos e não sair correndo para a diretoria pedindo que ele seja resolvido.”

No cerne do autogoverno está a ideia de que uma educação universitária deve ir além do currículo acadêmico e preparar o aluno para se envolver nos processos normativos do mundo adulto, seja como um líder político, um membro do conselho corporativo ou um cidadão que lidera uma luta por mudanças.

 

Fonte : ShareAmerica

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